Reflexões sobre a dor.

Reflexões sobre a dor

Carlos F. de Hollanda

 

QUANDO A DOR VEM DA ALMA - Blog Consultório Sentimental

As Dores.

“Pois bem: que se figure a Terra como sendo um subúrbio, um hospital uma penitenciária, uma região malsã, porque ela é ao mesmo tempo tudo isso, e se compreenderá por que as aflições sobrepujam as alegrias…” (Allan Kardec. “O Evangelho Seg. O Espiritismo”, cap. 111, it. 7).

 

Reflexões sobre a dor. Tripulantes de um planeta de provas e expiações, somos ainda necessitados de experiências dolorosas. E ainda não avançamos moralmente a ponto de sermos dispensados desse aguilhão a nos incitar ao encontro com o diferente, com o outro, com situações passíveis de nos jogar nas redes da amargura. 

Ela se torna essencial a nosso exercício de aprimorar a caridade, a paciência, a compreensão com o sofrimento alheio. Em nós, nos põe no lugar do próximo. Aproxima nossa adversidade daquela de outra pessoa. No entanto, faz-se necessário que estejamos nos caminhos traçados pelo Nazareno. 

Três tipos de aflições, ou dores: expiatórias, de evolução e auxiliadoras

Aquelas denominadas de auxílio são preparatórias para o adequado ingresso no Mundo Maior. São as enfermidades suportadas com resignação e bom ânimo que nos colocam em reflexões a respeito de nosso desempenho na presente encarnação no relacionamento com a parentela, demais pessoas e o que fizemos de nossas vidas. Por vezes, também, impedem que despenquemos em abismos de má conduta. 

Nossas desditas para a evolução nos provam a cada momento. São os próximos de convívio difícil de nosso relacionamento, parentes adjuntos a nos preocuparem, cujos problemas causam reflexo em nossa existência. Eis, contudo, provações a nos pedirem perdão, paciência, compreensão, inclusive porque a tais “incômodos” poderemos ter prejudicado em vidas anteriores.

As desgraças que atingem países distantes, as guerras, a pobreza crescente alcançando um elevado número de povos fustigam nossa estabilidade emocional, movendo-nos para o que pudermos fazer em termos de auxílio financeiro, material e preces, na tentativa de amenizarmos seus sofrimentos. 

Desta forma, são vetores que nos alcançam de fora para dentro, a clamarem por nossa reforma íntima. 

As atribulações de cunho expiatório movem-se de dentro para fora. Os males expiatórios não têm, portanto, suas causas, ao contrário das aflições evolutivas, motivadas externamente. 

São as más tendências oriundas de nossa restrita evolução moral. Temos, assim, os passos em falso no estágio de sermos justos, caridosos e amorosos. Males físicos cármicos são manifestações expiatórias. 

Tais aparições purificadoras são concertadas e acolhidas em nossa programação reencarnatória. 

E vamos acumulando débitos morais, arquivados em nossa incúria pelo ódio irreprimível, vaidade, egoísmo e, até, a maldade praticada prazerosamente. 

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Uns sofrem mais, outros menos…

“Quando te achares na incerteza, invoca o teu bom Espírito, ou ora a Deus soberano Senhor de todos, e Ele te enviará um dos seus mensageiros, um de nós (KARDEC, O Lívro dos Espíritos, questão 523). 

A perfeição divina aponta para a exatidão da obra saída de sua criação. Assim os sofrimentos estão em nós mesmos, procedendo do que semeamos, seja nesta ou em outras vidas. A afirmação é esclarecedora: do que plantamos, colheremos. Quando vier à flor da vida o fruto de nossa semeadura, aprendamos a escolher as sementes para as próximas lavouras. 

Após assumirmos um corpo de matéria, trazemos de vidas anteriores o bem ou as desditas que espalhamos. E também a necessária expiação do que de mal fizemos ou do bem que deixamos de espalhar. Assim se justificam sofrimentos a que não atribuímos explicação para a atual existência. 

Contudo, mesmo que soframos mais que o vizinho ao lado, que enfrentemos obstáculos desesperadores maiores que a irmã de sangue, que nossa mãe, pai ou qualquer parente são os créditos necessários pelos débitos praticados na presente encarnação ou em outras até distantes. 

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Dor e Castigo

Aventurados somos os que sofrem aflições, os aflitos.

As dores, portanto, não significam desventuras. Elas nos ajudam na difícil escalada do progresso espiritual. São parte essencial no estágio em que estamos, a condição em que se encontra a humanidade. 

Existe a nosso lado, a todo instante, a conselheira tribulação, constante amiga

Doutor Jairo · 6 maneiras de ajudar uma pessoa ansiosa

Pensemos nos padecimentos suportados por Jesus em seu calvário! Temos certeza de todo o bem que fazia, das curas, dos ensinamentos de paz, de concórdia, sabedoria! Jamais aliou-se ao mal, à vingança, à discórdia, à revolta! 

E suportou imperturbável todas as dores pela forma absurda de sua absurda punição! Por um julgamento arbitrário, claramente injusto, seu sofrimento foi incalculável! 

E as dores da Senhora que o pôs no mundo físico? Ah! As dores da mãe pelo filho inocente assassinado de forma brutal, criminosa! 

Esses dois exemplos de conformação e superação da adversidade nos colocam na posição de pessoas comprometidas com imperfeições e níveis incompatíveis com a grandeza e infinita superioridade de Maria e Jesus! 

Esses dois modelos de calvário ensinam que os nossos pertencem à equivocada conduta. Não há no sofrer castigos divinos. Nosso pai, de infinita bondade, não move, em relação à vida que nos deu, castigos, punições. Afirmou Jesus: – Se vós, sendo pais falíveis, oferecem uma pedra ao filho que anseia por um peixe, que dirá o Pai Celestial, perfeito, infinitamente amoroso? E alguém mais sabe de nosso criador como o conhece seu filho dileto? 

A dor não é um castigo. Ela é necessária para nossa caminhada no progresso espiritual. Porém eis que, Alguém que sofreu a ingratidão de contemporâneos seus vem até nós a amenizar nossas culpas.

Como podemos guardar revolta por nossos sofrimentos quando o Governador Planetário, o maior sofredor sem culpa, suportou resignado as injúrias nossas? 

Liturgia Diária

Aprendamos com ele. Ele que intercede por nós junto ao Pai e também Maria, a Medianeira, junto a Jesus se põe a nosso lado amenizando nossas aflições e nos cobrindo com seu estrelado manto. 

Não! A Doutrina Espírita nos mostra claramente que nossas penas não são castigos. São caminhos tortuosos que nós mesmos traçamos, seja agora ou em passadas existências, para o progresso espiritual. 

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