Conto Espírita: Alma de Estrela

Alma de Estrela

Carlos Fernando de Hollanda

Nada se via de específico.  

Dois campos – céu e chão – aguardavam.  Poderiam caminhos, alternativas ali em latências.  Tudo estava presente no futuro.  Poder-se-ia imaginar diálogos, ações.  Criava-se tudo com a mente.  

No chão, no ar ou supostamente no céu seres possíveis aguardavam no útero do Tempo a vez de viverem.  Presenças retiradas do estático mundo assumem atitudes, confrontando-se, agindo em esperas, inseridas de forma fantástica na estranha aventura da vida.

Ana contemplava o distante.  Constatava o desenvolvimento de suas ideias, de seus projetos em relação ao ventre em construção, expandindo-se.  O olhar riscava-se do céu às mãos pousadas sobre o espaço em que alguém se fazia.  Imaginava o significado de cada significante.  Esperava.

Filosofando na Vida: 2018-06-24

  Ana esperava, alentava a esperança.

Olhava para o alto.  Ouvia o roçar de seus cabelos entre eles a sentir o cheiro de chuva contida nas nuvens. 

Seu queixo alevantou-se e os olhos fixaram-se em uma pequena estrela azulada a muita e muita distância.  Voejante, viaja entre as nuvens agora.  

As mãos estenderam-se e o gesto estremeceu o corpo do céu.  Flutuante Ana a buscar no espaço a chama a vivificar-lhe o ventre.  Movendo os braços, o rosto em êxtase, toca um luminoso corpo.

Flutua agora descendo lentamente.  Trazia uma estrela.  Um tanto difícil foi cortar o fio que a prendia no teto do céu.  Ficou uma pequena cicatriz presa ao topo da estrelinha.

Mensagem - NÓS PEDIMOS PARA NASCER?

Nos seus braços, Maria.

A mãe do que viria…

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