Foi numa noite assim.

No calendário, a data não importa. Foi numa noite assim.

Esqueçamos os números e vamos para determinada noite em que as mentes se reúnem, gerando uma energia única, um feixe de pensamentos que fazem os rostos sorrirem. O olhar mostra uma luz diferente. E a paz suspeitada entra por portas e janelas, que se abrem, movidas pela força que se aproxima a nos atrair em direção ao nascimento da Esperança.

Elevando uma simples manjedoura ao nível de sublimado berço, o Criador de tudo nos consagra seu filho. Gerado pela escolhida Maria e tendo José como pai para a condução da humanidade, ao exemplo de um Pastor, nos oferecerá sua curta existência física entre nós como o Caminho, a Vida e a Verdade.

A elevada atmosfera psíquica se firma no espaço dessa noite. O mundo espiritual volta-se todo para a Terra e converge para o planeta escolhido as formações estelares com seus brilhos mais envolventes. Estendendo as mãos para o alto, quase tocamos o céu. O cenário noturno expande-se, os planos espirituais e materiais se confundem na harmonia que suspende por instantes o correr do tempo e interrompe as diferenças dos espaços.

Os mensageiros da Paz correm pelas ruas, voam sobre os telhados, tocam seus dedos de luz, atravessando peles, nos corações dos povos. O Mal se reconhece inútil, busca o Bem e, de mãos dadas, renovam o sonho da Paz Universal.

Uma criança é cuidadosamente acolhida pela manjedoura que se ilumina, que se reveste de uma cor inexistente na Terra, brilha ao contato com o frágil e especial corpo habitado agora pelo exemplo a seguirmos, pelo Ser maior, aquele que nos redimirá, deixando seus rastros no planeta que criou num tempo que foge aos tempos.

Chamemos de Natal. Mas não existe palavra no humano vocabulário e tampouco algarismos para estampar com letras e números toda a eternidade que esta Noite erigiu em certo dia… Numa Noite assim: mais clara que qualquer dia…

 

Carlos de Hollanda

 

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