A Doença de Alzheimer é caracterizada como uma doença neurológica degenerativa, progressiva e irreversível que deteriora progressivamente o nível cognitivo do indivíduo, e mais tarde o funcionamento de todo o seu organismo. O crescimento da população idosa tornou-se um fenômeno mundial, e à medida que a expectativa de vida torna-se maior, tem-se observado um aumento de sua prevalência ( FERNANDES; ANDRADE, 2017).
Alguns estudos epidemiológicos indicam que a prevalência da doença de Alzheimer dobra a cada cinco anos em pessoas com idades entre 65 e 85 anos (VIERO; SANTOS, 2019)
De acordo com Araújo (2016), a incidência da Doença de Alzheimer vem crescendo mundialmente na mesma medida em que aumenta a população acima dos 65 anos. A enfermidade é um tipo de demência que acomete 35,6 milhões de pessoas em todo o mundo, e no Brasil já atinge mais de 1,2 milhões de idosos. Porém pode atingir precocemente pessoas de outras faixas etárias. Ela atinge proporcionalmente mais mulheres do que homens, porém as mulheres vivem em média 5 anos a mais que os homens, o que não permite que se determine que o fator de risco esteja associado ao gênero.
Suas causas ainda não foram determinadas pela ciência, apenas existem algumas hipóteses que norteiam os tratamentos. E seu diagnóstico é feito comumente por exclusão, ou seja, a partir da eliminação de outras hipóteses causais para o conjunto de sintomas de esquecimento apresentados pelo paciente (ARAUJO, 2016).
A Doença de Alzheimer na visão espírita é algo muito complexo e como tudo, não tem uma regra e não podemos julgar por qual motivo a pessoa é acometida por essa enfermidade, cabe a nós ajudar da melhor forma possível.
Estudos desenvolvidos pela Associação Médico-Espírita do Brasil orientam hipóteses de causas espirituais para a ocorrência da Doença de Alzheimer, tais como a rigidez de caráter, a culpa, processos obsessivos graves, a depressão e os sentimentos enfermiços (ódio e mágoa), especialmente quando mantidos a médio e longo prazos.
De acordo com Joanna de Angelis:
O “mal de Alzheimer” tem raízes muito mais profundas na sua psicopatogênese, do que se possa imaginar à primeira vista. Enfermo é o Espírito que, ao longo da existência, bombardeia inconscientemente os neurônios com as cargas de energia negativa no seu cerne impressas, num tormentoso processo de recuperação de graves males causados ao próximo, portanto, em consequência, a si mesmo.
Na região do núcleo dorsal da rafe, onde geralmente têm lugar à base que processa as informações e se arquiva a memória, sob a ação deletéria dos pensamentos inconscientes de culpa, de amargura, de ressentimento, procedentes de outras existências de que o psicossoma se faz portador, trabalha o atrofiamento da região e as neurocomunicaçóes sofrem danos, iniciando-se o processo degenerativo.
Outros fatores endógenos também contribuem para esse desconforto, tais como os transtornos fóbicos, a insegurança emocional, os conflitos não resolvidos interiormente, constituindo-se um dos mais terríveis e afligentes para o indivíduo, que não tem consciência da sua extensão e, principalmente, para a família e os afetos, que se tornam desconhecidos, ignorados.
É, inegavelmente, um cárcere para o Espírito perder o contato com o mundo exterior e padecer a injunção dolorosa sem poder expressar-se.
A Doença de Alzheimer, independente de sua origem, constitui grande oportunidade de aperfeiçoamento moral, não somente para o paciente, mas também para todos aqueles que estão envolvidos diretamente com o processo do cuidar. Os familiares que estão reunidos novamente para resgatar débitos adquiridos entre si enfrentam provações dolorosas com a doença, porém reparadoras.
Possivelmente aquele que hoje cuida, no passado foi carrasco e precisa reajustar sua conduta, ou até mesmo trabalhar, desenvolver sentimentos que ainda não possui. E para os cuidadores contratados pelas famílias, é a oportunidade de exercitar a paciência, desenvolver a compaixão e o amor ao próximo, exercendo a missão escolhida por ele mesmo na espiritualidade.
Os cuidados dedicados às pessoas com a Doença de Alzheimer, devem ocorrer em tempo integral. Cuidadores, enfermeiras, outros profissionais e familiares, mesmo fora do ambiente dos centros de referência, hospitais e clínicas, podem encarregar-se de detalhes relativos à alimentação, ambiente e outros aspectos que podem elevar a qualidade de vida dos pacientes (MINISTÉRIO DA SAÚDE).
A fisioterapia e a prática de atividade física oferecem benefícios neurológicos e melhora na coordenação, força muscular, equilíbrio e flexibilidade. Contribui para o ganho de independência, favorece a percepção sensorial, além de retardar o declínio funcional nas atividades de vida diária. Alguns estudos mostram que atividades regulares estão associadas a evolução mais lenta da Doença de Alzheimer. Além de alongamentos, podem ser indicados exercícios para fortalecimento muscular e exercícios aeróbicos moderados, sob orientação e com acompanhamento dirigido.
O Espiritismo também auxilia muito no o tratamento da doença, pois não apenas descortina os panoramas da imortalidade, ante o grande futuro, mas também é luz para o homem, que clareia o caminho. A Doutrina Espírita desempenha função específica no tratamento das doenças que flagelam a humanidade, pois ensina a medicina da alma, em bases no amor construtivo e edificante.
Sugiro aos familiares, amigos, pessoas próximas de idosos acometidos com a Doença de Alzheimer que conversem com eles normalmente, que lhes mostrem novas formas de enxergar os acontecimentos a sua volta. Que lhes contem casos engraçados e suaves afim de estimular o seu bom humor, falem também sobre o perdão e sobre a alegria de viver, por eles precisam muito aprender a libertar para alcançarem sua própria liberdade.
Procurem sempre entendê-los, tratando-os com amor, paciência, mesmo que eles se mostrem agressivos e esquecidos.
Na minha vivência profissional, já acompanhei muitos pacientes com essa enfermidade, alguns eram tratados como relatei acima, outros a família achava que com a presença de um cuidador não precisava mais dar atenção, cuidar, e assim eu percebia a diferença que isso causava nesses pacientes, pois os que eram tratados com amor, paciência, com carinho, que tinham a família presente, respondiam muito melhor ao tratamento do que os pacientes que não tinham toda essa atenção e preocupação em casa, por parte da família.
Enfim, quando paramos para refletir sobre todos os aspectos, podemos concluir que a Doença de Alzheimer é uma grande oportunidade para a família do doente e seus cuidadores, e não somente para a pessoa acometida com a doença. Pois possuem com essa realidade a oportunidade de desenvolver suas qualidades espirituais, como por exemplo: a paciência, tolerância, aceitação, dedicação incondicional ao próximo, desprendimento, humildade, capacidade de decidir por si e pelo outro, amor e etc.
Autora: Ana Paula Soares
REFERÊNCIAS
ABRAz – Associação Brasileira de Alzheimer www.abraz.org.br
Associação Médico – Espírita do Brasil www.amebrasil.org.br
ARAUJO, Moyses Jorge. Alzheimer. O mal que cresce assustadoramente. É orgânico ou espiritual?. 2016. Disponivel em < https://medium.com/@TerapeutaMoyses/alzheimer-o-mal-que-cresce-assustadoramente-%C3%A9-org%C3%A2nico-ou-espiritual-81221f205be3> Acesso em 12/10/2019.
FEAL – Fundação Espírita André Luiz. Alzheimer Segundo o Espiritismo. 2018. Disponivel em < https://tvmundomaior.com.br/alzheimer-segundo-o-espiritismo/> Acesso em 12/10/2019.
FERNANDES, Janaína da Silva Gonçalves; ANDRADE, Márcia Siqueira de. Revisão sobre a doença de alzheimer: diagnóstico, evolução e cuidados. Psic., Saúde & Doenças, Lisboa , v. 18, n. 1, p. 131-140, abr. 2017 . Disponível em <http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1645-00862017000100011&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 12/10/2019. http://dx.doi.org/10.15309/17psd180111.
MINISTÉRIO DA SAÚDE <http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/alzheimer> Acesso em 13/10/2019.
VIERO, Geórgia Maria; SANTOS, Cirano Gautier dos. O Alzheimer como um desafio aos sistemas de saúde, frente a crescente expectativa de vida, e o MEEM como ferramenta no rastreio de demências. Braz. J. Hea. Rev., Curitiba, v. 2, n.3, p. 1545-1554, mar./apr. 2019. Disponível em < http://www.brjd.com.br/index.php/BJHR/article/view/1387/1533> Acesso em 12/10/2019.