A Prece: instrumento simples e perfeito

A Prece: instrumento simples e perfeito

“Pedi, e dar-se-vós-á; buscai, e encontrareis, batei e abrir-se-vos-á” (Mateus 7:7)

 

Conhecemos essa máxima simplesmente como “pedis e obtereis” em que Jesus nos dá o maior instrumento de comunicação com Deus, a Prece.

Porém, não é simplesmente pedindo que obteremos tudo aquilo que desejamos, não é simplesmente proferir palavras vazias de emoção e sentimento em busca de afagos irreais que obteremos a ajuda necessária. É necessário saber pedir, saber o que pedir, como pedir e o porque pedir. 

Emmanuel enfatiza que qualquer pedido deve ser sucedido pelo esforço da procura, da busca pelas questões que nos convêm e que de fato devem acontecer a nós e do desenvolvimento da perseverança, que seria o esforço para transformarmos os recursos que nos são dispostos em edificação iluminada interior.

Mas para que nossas preces sejam ouvidas é necessário que saibamos o que é uma prece, para que serve e como fazê-la de modo agradável a Deus.

“A prece é um ato de adoração. Orar a Deus é pensar nele; é aproximar-se dele; é pôr-se em comunicação com Ele” (Livro dos Espíritos, questão 659)

Essa questão nos mostra de forma resumida e ao mesmo tempo de forma completa o que vem ser a oração. No livro Consciência e mediunidade da Equipe Manoel Philomeno de Miranda nos aponta que: o pensar seria a manifestação do espirito que já adquiriu consciência de si mesmo; aproximar-se está relacionado a reduzir as distâncias que nos separam da Eterna Causa e pôr-se em comunicação seria sentir a presença a energia do Supremo Ser. Serão essas etapas que nos permitirão uma perfeita conexão com o alto e nos colocará no caminho certo de nossas mais elevadas aspirações.

Mas em que consiste a adoração? “Na elevação do pensamento a Deus. Deste, pela adoração, aproxima o homem sua alma” (Livro dos Espíritos, questão 649)

Muitas vezes quando iniciamos uma prece procuramos elevar nosso pensamento em Deus. Mas elevar o pensamento não é simplesmente pensar Nele. “Há que pensar com elevação; largar os comezinhos interesses do nosso existir para buscar os ideais de enobrecimento, de beleza, os que promove a vida e o ser aos escalões superiores da evolução” (Equipe Manoel Philomeno de Miranda).

Assim é importante lembrar que a prece não pode ser uma mera repetição automática de palavras e ideias, sem a participação concreta dos sentimentos. “[…] deve ser profunda, vibrante, amorosa, um ímpeto de reconhecimento ao Todo-Poderoso, fonte de todas as dádivas recebidas”(Equipe Manoel Philomeno de Miranda).

“[..] aquele que ora com fervor e confiança se faz mais forte contra as tentações do mal e Deus lhe envia bons Espíritos para assisti-lo. É este um socorro que jamais se lhe recusa, quando pedido com sinceridade.” (Livro dos Espíritos, questão 49)

 

Como vimos, a oração é uma forma de comunicação extremamente confiável, perfeita poderosa, que depende principalmente do sujeito que executa a ação (de fazer a prece), mas para além de pedir, a prece possui outras finalidades: de acordo com a questão 659 do LE, as três coisas que podemos propor-nos por meio da prece são: louvar, pedir e agradecer.

Manoel Philomeno ainda complementa que independente do caráter que empregamos a nossa prece nos mais variados momentos da nossa vida, os Espíritos quiseram demostrar que essas três motivações devem estar presentes num mesmo momento de oração. Não basta só pedir, devemos principalmente agradecer por tudo o que obtivemos e somos. Agradecer é respeitar e demonstrar por meio de ações e intenções que somos gratos por tudo que recebemos, pelas bênçãos, pelas dificuldades e pelas oportunidades que temos de busca evoluir e sermos melhores.

Mas quais atitudes devemos ter no momento da prece? Existem posturas de pensamento que estimulam as inspirações e intuições no momento de orar, outras só atrapalham. Um dos requisitos fundamentais para uma prece saudável é o silencio interior, o recolhimento, a comunhão com o próximo, a busca pelo perdão e a humildade. Jesus definiu claramente as qualidades da prece.

“[…] Quando orardes, diz Ele, não vos ponhais em evidência; antes, orai em secreto. Não afeteis orar muito, pois não é pela multiplicidade das palavras que sereis escutados, mas pela sinceridade delas. Antes de orardes, se tiverdes qualquer coisa contra alguém, perdoai-lhe, visto que a prece não pode ser agradável a Deus, se não parte de um coração purificado de todo sentimento contrário à caridade. Orai, enfim, com humildade, como o publicano, e não com orgulho, como o fariseu. Examinai os vossos defeitos, não as vossas qualidades e, se vos comparardes aos outros, procurai o que há em vós de mau” (Evangeho Segundo Espiritismo Capítulo XXVII ).

É importante frisar no recolhimento que comenta Jesus. O ato de orar em secreto, buscar um lugar reservado, vai muito além do ambiente físico. Significa voltar para si, bloquear os sentidos físicos, os pensamentos variados do cotidiano, de tal modo que possamos alcançar a necessária vibração e nos conectar com os espíritos elevados (Equipe Manoel Philomeno).

Com os ensinamentos de Jesus podemos pensar em alguns pontos principais para o momento de oração. A elevação do pensamento com sentimento; o recolhimento individual e a busca pelo contato direto, sem uso de palavras elegantes, sofisticadas ou leituras vazias. Embora muitas vezes recorremos à preces já formuladas, devemos fazê-lo de forma a entender, absorver e sentir o que tais preces pronunciam a fim de formas correntes de vibrações e pensamentos consoantes com a busca do que se almeja.

Caso não haja inspiração para conversar com o mundo espiritual, a prece que Jesus nos ensinou pode servir de inspiração. Joanna de Angelis ainda assevera que: “[…] no Pai-nosso, encontramos a síntese sublime das aspirações humanas em forma de colóquio ideias com o excelso Criador”.

Os estudos e textos sobre a prece são extensos e nos dão verdadeiras lições acerca desse tema, aqui, tivemos a intenção de trazer algumas infrações interessantes para que possamos repensar a nossa prática de oração, a fim de elevarmos cada vez mais nossos pensamentos aos espíritos e aprimorar ainda mais essa interconexão, que é fonte salutar de vida, esperança e harmonia.

Para finalizar, gostaríamos de ressaltar a importância da prece em grupo e como devemos nos comportar no momento em que algum integrante do grupo (seja ele de estudo, reuniões mediúnicas, palestra, evangelho no lar, etc) estiver proferindo a prece.

Nessas situações, para todos devem estar em comunhão de pensamentos e sentimentos (Equipe Manoel Philomeno). Deve-se evitar que cada um faça sua prece mentalmente diferente da que se ouve, de forma que quando alguém ora conosco, pomo-nos em oração também com ele, como se cada palavra fosse gerada do mais profundo de nós mesmos. Assim:

“[…] a prece em comum tem ação mais poderosa, quando todos se associam de coração a um mesmo pensamento e colimam o mesmo objetivo, porquanto é como se muitos clamassem juntos em uníssono[…]”(Evangelho Segundo Espiritismo Capítulo XXVII, item 15).

 

 

REFERÊNCIAS

FRANCO, Divaldo [et al.]. Consciência e mediunidade. Salvador, LEAL, 2018

FRANCO, Divaldo. Pelo Espírito Joanna de Ângelis – Espírito e vida.

KARDEC, Allan-O. Evangelho Segundo o Espiritismo-Brasília: FEB, 2013.

KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Brasília: FEB, 2013.

XAVIER, Francisco. Pelo Espírito Emmanuel – Pão Nosso, cap.3 – Imperativos. FEB

 

 

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