Conto Espírita: Alma Abrangente
Carlos F. de Hollanda
Ela ouvia comentários sobre o livro NOSSO LAR. Romance? Uma longa mensagem oriunda do Plano Maior? Era uma nova vida após a passagem sobre a Terra? Era um tratado de Esperança, um alerta para a descrença?
Perdera o emprego e calculava até quando sobreviveria com as economias aplicadas. Olhava estática o vazio à frente escavando com o pensamento um ignorado futuro.
Alternava curiosidade sobre o livro com os preocupantes presságios.
Só, em casa. Só e atraída por pensamentos. Em volta de si, uma energia opressora, trazendo tristeza, angústia, temores. Lá fora, a angústia invernal, a chuva persistente, um céu habitado por cinzentas nuvens.
Nesses estágios depressivos, de desânimos, melancolias e pensamentos destrutivos que espécie de companhias espirituais estaria dela se acercando?
Certamente que as descrições a respeito de NOSSO LAR acenam com a possibilidade de um estágio pós-desencarne mais atraente que a vida nessa situação de planeta de provas e expiações em que nos agitamos. Tal dedução invadia sua mente em desespero.
E, assim deduzindo, sente a seu redor sugestões de um desastre iminente caso ela o concretize: suicidar-se!
Em contrapartida, dela se aproximam os avós desencarnados dando-lhe a intuição de buscar a leitura do livro de André Luiz que a eles pertencera. Assim começa a verdadeira lição que a Doutrina Espírita nos entrega como advertência contra o trapaceiro mergulho.
Sob a influência dos bons Espíritos, ela mergulha na leitura, com o método mais adequado: um estudo, metódico, minucioso. E tal influência a remete para pesquisas nas obras de Allan Kardec. Em O CÉU E O INFERNO, estabiliza nela o desastroso destino que teria caso cometesse o ato de abreviar a vida!
Saiu à rua sob a atmosfera que as chuvas limparam de miasmas. Alguém se aproxima e lhe entrega um envelope. Quando se volta para agradecer, esse alguém sumira sem vestígios!
Dentro do envelope um convite de emprego…
“Julgava que o ato de insanidade me libertaria dos sofrimentos atuais… Porém a Doutrina Espírita, clara e consistentemente, me revela que padecimentos maiores me aguardavam caso me violentasse com o suicídio!” – concluiu, envolta na invisível presença de seus avós.